Arquivo mensal: outubro 2016

Geração mimimi ou o mundo mudou?

Padrão

id-100397985Percebo hoje que a intolerância anda prevalecendo ao bom senso, que a intolerância vem de um acúmulo de falta de representatividade, de respeito e de condutas antes toleráveis.  Ao mesmo tempo muitas das queixas não fazem sentido, não se justificam ou estão embasadas em percepções pessoais. O difícil é ponderar e encontrar o fiel da balança.

Transportando para os negócios, podemos observar que ao mesmo tempo em que uma empresa usa um nome próprio para um determinado produto e cria desconforto para aqueles que se sentem ofendidos, há outra que usa da mesma estratégia e se torna hit.

Vamos exemplificar: no primeiro caso a propaganda do presunto Sadia e o não querido Luis Augusto. Inúmeros homens com este nome entraram com pedido no CONAR para suspensão da propaganda, sentindo-se ofendidos. No segundo a propaganda da US Top de 84 com o bordão “bonita camisa Fernandinho”, foi usada por anos até se desgastar naturalmente. Mas nenhum Fernando entrou no CONAR pedindo suspensão da propaganda (apenas lembrando que o personagem estampava uma pessoa um tanto quanto boba).

Recentemente uma marca de roupas famosa lançou uma coleção com imagens de uma obra de Debret – que representa a escravidão no Brasil nos áureos tempos. Algumas pessoas se indignaram com a proposta e a coleção foi retirada de circulação, adicionada a um pedido formal de desculpas pela empresa.

De propaganda de cerveja a lingerie, de alimentos a cosméticos, raramente não há ofendidos, defensores da moral e bons costumes, grupos segregacionistas, representantes de gêneros, grupos religiosos e mais uma infinidade de “representantes” das maiorias ou minorias, sejam elas quais forem.

Estes não são os primeiros e não serão os últimos casos a termos conhecimento.  No mundo corporativo, não basta ser politicamente correto, o bom senso deve prevalecer e toda empresa deve pensar bem antes de lançar um produto no mercado, hoje muito mais sensível e ao mesmo tempo questionador e formador de opinião.

Apesar de questionável e por muitas vezes descabidas, as reclamações podem causar desgastes na imagem das empresas, o que acarreta perda de dinheiro, tempo e por vezes clientes.

Ao mesmo tempo, se o que ela acredita está estampado em seus produtos ou serviços, ela deve sim insistir, permanecer com seus valores e não abrir mão da relação que tem com seus consumidores, muito provavelmente onde seu sucesso está alicerçado.

Não vivemos num mundo fácil e simples, não há padrões imutáveis, modelos estáticos, pensamentos lineares. As empresas devem se adaptar aos novos tempos e saber no caos desta evolução aonde devem se posicionar e fazer a diferença. Uma tarefa hercúlea, diga-se de passagem.

Leia também:

http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2016/08/conar-abre-processo-para-julgar-luis-augusto-em-propaganda-da-sadia.html

http://www.administradores.com.br/noticias/marketing/grife-e-acusada-de-racismo-por-estampar-escravos-em-peca/114289/

https://www.youtube.com/watch?v=fo20Eb4n3rk

Image courtesy of klakung1 at FreeDigitalPhotos.net

Marcas e regionalização

Padrão

20160924_143709Recentemente estive no Nordeste, especificamente em Pernambuco e pude relembrar uma importante característica para divulgação de marca.

Como estamos centrados no nosso mercado, por vezes nos esquecemos de que não só realidades, cultura, características e gostos dos consumidores são regionais.

Um país como o nosso de tamanho continental não poderia ser diferente. Como lidar com as diferenças?

Não é assunto recente, há muito se fala sobre isto na área de marketing….e muito mudou de 20 anos para cá.

Estratégias de comunicação de marca, geralmente são pensadas de forma única, conceitual e isto se reflete em seus produtos ou serviços. É nisto que as marcas mudaram e estão ainda mudando. Adequar não só produtos e serviços ao consumidor local, mas também a comunicação, as características, os meios de divulgação.

No Brasil você encontra produtos nacionais regionalizados, de carros a perfumes, muitos só são feitos para públicos específicos e que não estão disponíveis em outras regiões do país. O mesmo ocorre com a comunicação. As grandes mídias tem seu lugar cativo, mas outros meios, também regionalizados, dão resultado, por vezes até melhores….é o caso da foto acima..um meio de transporte regional, conhecido e consolidado para divulgação de marcas num lugar totalmente turístico. Estão corretos…..nada mais simples e visível que usar este “meio de comunicação” para expor aos consumidores suas marcas locais.

Este é um caso, temos muitos outros. Quem nunca ouviu falar do guaraná Jesus? Aquele que fez forte concorrência à Coca-Cola no Maranhão e acabou sendo comprado por ela, que inteligentemente não mudou a marca, nem receita, nem embalagem……

Nem todos os produtos precisam de adequação….se tratarmos de roupas, alimentos e bebidas, cosméticos e perfumaria certamente são necessárias adequações nas fórmulas, mas talvez para utensílios domésticos, carros, tintas entre outros não…porém ninguém escapa da adequação da comunicação, seja na linguagem, seja na referência, seja no visual ou no meio de comunicação.

A regionalização das marcas é tão importante que a maioria das empresas procura falar a língua do consumidor local para não perder espaço para as marcas que têm em sua essência um importante elemento de diferenciação – a mesma origem que seu cliente.

Pensando em todos os meios de comunicação e que não há mais fronteiras, é fundamental que a comunicação regional de uma marca não mude o seu posicionamento nacional. Uma campanha regional não pode parecer estranha para o consumidor desta mesma marca de outra localidade. Um trabalho nada fácil para os profissionais de comunicação.

Lição de casa: é necessário saber utilizar os elementos e características regionais, criando ações de comunicação muitas vezes inéditas e diferenciadas que conseguem ampliar a relação da marca com o consumidor local.

Imagem by Poranga Miranda – Vila Porto de Galinhas – PE