Arquivo mensal: março 2020

Entre a cruz e a caldeirinha

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Peço licença hoje para tratar de um assunto mais amplo e que foge do tema Marketing propriamente dito, mesmo que dele faça parte.

Vimos nas últimas semanas, principalmente nesta última uma série de declarações vindas de todos os lados, seja de especialistas da saúde, economia, jornalistas; seja de políticos, seja de empreendedores, profissionais autônomos ou da população.

A verdade é que não há consenso, bem como não há nenhuma certeza.

Explico: tomar a decisão de fechar os estabelecimentos e todo o comércio de SP e deixar todos os trabalhadores em casa é uma solução “humana”, pensando nas pessoas e no grave problema advindo de uma epidemia por um vírus desconhecido na sua totalidade.  A gravidade mora, neste caso, num sistema de saúde com possibilidade de não atender a demanda na sua capacidade de leitos e principalmente UTIs. É uma decisão para minorar o contágio e a curva de crescimento da pandemia.

Sim, totalmente compreensível e humano, como disse antes.

Por outro lado o comércio, serviços, autônomos e os informais estão sofrendo uma gravidade ainda adicional, a falta de dinheiro, o que pode trazer, para a economia grande e demorada reversão. As incertezas da retomada da economia com agilidade para que esta recuperação seja menos indolor, predominam no campo do setor de serviços e comércio.

Pois bem, estamos entre duas escolhas difíceis.

Não sou economista e nem quero aqui ter a pretensão de palpitar neste campo, recolho-me a minha insignificância de conhecimentos, mas sou empreendedora e entendo bem a situação.

A minha certeza é que deva existir um esforço comum, que todos, eu digo TODOS, devam olhar para situação e compreender que não é apenas uma questão de saúde, é uma questão ampla, que envolve famílias e sua sobrevivência.

Conforme dados do SEBRAE de 2018, só em SP 78% dos negócios são de serviços e comércio, as pequenas e micro empresas representam 98% na economia do Estado, 50% dos empregos, 39% da folha de salários e 27% do PIB. (*) São números gigantes!

Claro que agir neste tempo é fundamental, ser criativo e inovador, como já mencionei no artigo anterior, muitos negócios estão tentando se virar, criando outras formas de atender ou vender seus produtos, além de uma corrente de solidariedade imensa e do bem. Mas o tempo é inexorável para o resultado das empresas pequenas e micros, autônomos e informais.

Temos que nos dar as mãos e juntos – governos e setores primários, secundário e terciário – trabalharem em prol de um bem comum, encontrar soluções plausíveis e viáveis tanto no âmbito da saúde como no âmbito econômico. Não são caminhos paralelos devem ser intersecções.

Há tentativas e estamos de certa forma discutindo esta situação, mas ela deve ser encarada com maior urgência e as soluções devem aparecer com a maior brevidade.

O país pede socorro!

 

(*) https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Pesquisas/Panorama_dos_Pequenos_Negocios_2018_AF.pdf

foto: Cruzamento em X entre Rua Araújo Porto Alegre e Avenida Graça aranha, no centro ro Rio de Janeiro. Fonte: ITDP Brasil

É na crise que se enxergam oportunidades.

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O momento que vivemos, diferente de crises econômicas, é de total incerteza.

Um vírus que se espalhou pelo mundo e está assustando a todos, pois sem conhecê-lo profundamente e sem um tratamento testado e comprovado, a população fica a mercê do que lhe mandam.

Hoje praticamente o mundo está enclausurado em casa, por livre e espontânea vontade ou por força de lei.

Fronteiras sendo fechadas e “uma certa histeria” tomando conta das pessoas, mediante tanta informação desencontrada e fake news.

Temos que nos acalmar e pensar em nossas atitudes e principalmente no coletivo.

Com a quarentena obrigatória, muitas empresas estão disponibilizando seus serviços de forma gratuita, estimulando as pessoas a manter suas atividades dentro de suas casas. Quem trabalha em empresas onde isto é possível, também estão trabalhando de casa.

A criatividade, a tecnologia e a união estão produzindo uma corrente do bem, onde desde cursos gratuitos, atendimentos psicológicos, plataformas de videoconferências, lives para ensinar receitas ou orientações profissionais, museus e artistas, entre outros estão tentando superar juntos esta fase ruim.

Liberar o acesso a conteúdos informativos e educacionais sem custos ou restrições é uma das atitudes que merecem aplausos. Empresas que prestam serviços de entrega, por ex. estão auxiliando tanto os resguardados como os trabalhadores.

Claramente muitos negócios terão que usar de muita criatividade para passar por este momento, outras nem a criatividade ajudará na execução de seus ofícios, pois mediante o fechamento do comércio e de locais onde há concentração de pessoas, mesmo que mínima, estão agora sem saber o que fazer. Se para grandes empresas já não é fácil, imaginem para as pequenas.

Sim, usar de e-commerce e entrega delivery é uma opção, mas nem todo negócio tem esta possibilidade, vide prestadores de serviços de eventos, treinamentos, espaços para eventos, artistas, músicos, clinicas médicas e de estética, salões de cabeleireiro, pousadas, profissionais autônomos, dentre uma gama enorme de PJs, sem mencionar aqui os profissionais que ganham por empreitada, informais ou autônomos  PFs.

Se por um lado a preparação tecnológica deveria estar em dia, por outro poderemos observar neste momento quais empresas realmente se prepararam ou estavam estruturadas para suportar não só o uso intensivo da tecnologia, como adequadas nos seus recursos.

Também poderemos observar quais delas estarão pensando nas pessoas –  clientes – e quais visarão apenas o lucro e a falta de ética disfarçada de oportunidade.

Teremos muitas surpresas ainda!

Certamente as empresas vão tirar lições valiosas desta crise e principalmente aproveitar o momento para criar, se reinventar, mudar, inovar e saírem melhores do que entraram. Outras infelizmente não sobreviverão. Quem vai decidir é o cliente!

Vamos torcer para tudo dar certo, que as melhores soluções venham que as lições sejam aprendidas por todos os gestores e a disseminação das boas praticas ocorra.

Hora de união e persistência.

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