Em uma das aulas de inglês do curso que fiz na Universidade de Akron, cujo conteúdo era transversal, o professor Roy Kesey trouxe à tona a importância de uma poderosa narrativa para a construção de um bom caso ou personagem, que vale para descrever produtos, negócios ou para pitchs profissionais.
Para a construção do enredo básico, nos foi apresentado o triângulo de Freytag, abaixo, que mostra o percurso que devemos elaborar para um enredo eficiente.
Complementar a estrutura de Freytag e mais profundo está a “Jornada do Herói” ou Monomito, de Campbell, cujo conceito é de uma jornada cíclica de um mito ou herói, que trás a tona um formato que divide a narrativa em conhecido e desconhecido e que para cada passo há uma ação e uma reação, construindo um padrão.
Fonte: Viverdeblog
Esta fórmula já foi e ainda é largamente utilizada em filmes e em apresentações e tornou-se um método clássico.
No entanto, hoje há outras vertentes, como a de Jeff Gomez, CEO da Starlight Runner Entretainment, conhecido como “guru da transmídia”, que afirma que esse tipo de narrativa não supre mais as necessidades de identificação do público.
Conforme Gomez – “O modelo da jornada do herói não funciona mais para nós de maneira efetiva. Nesse modelo, a comunidade tem uma necessidade, o herói enfrenta os perigos do mundo (na maioria das vezes violência física e psicológica) para chegar a essa necessidade e trazer para casa um prêmio por servir à comunidade. Então a jornada do herói envolve conflitos, lutas e vencedores. Se trata de afirmar que o herói é o certo e o vilão o errado”.
Para ele, todos podem emitir sua opinião, todos estão “certos”. Histórias de jornada coletiva acabam com a polarização, todos podemos ter perspectivas diferentes e que, para o bem da humanidade, precisamos superá-las para surgir com novas ideias e soluções. Essas soluções podem vir de todos e não só de um lindo e forte herói. Nós sempre vamos gostar de histórias de heróis, mas o que precisamos agora é criar narrativas baseadas na jornada coletiva.
Um ótimo exemplo foi o seriado Game of Thrones, não existe um herói único, várias personagens ao decorrer da história se unem para que uma solução universal sobreponha a diferenças e interesses pessoais mediante um sistema corrompido. Essa é uma narrativa de jornada coletiva. Eles não são e nem precisam mais dos heróis.
O processo de mudar do modelo da jornada do herói para o da jornada coletiva requer uma mudança de mentalidade. A abordagem da jornada coletiva é mais humanista. A empresa se torna uma ouvinte além de narradora, faz uso das redes sociais, dados e diálogo direto. A voz do consumidor é inteiramente integrada na história. Não é mais “eu” e “você”, é o “nós”.
Bom e daí? Pra serve tudo isto? E porque é legal para o marketing contar histórias poderosas?
Pensando que toda empresa tem sua história, sua missão, seus valores, seus objetivos e que sem os clientes ela não existe, por si só já é excitante escolher qualquer jornada. Para o marketing, criar uma boa história, vai desde o nascimento da empresa, história da marca, estratégia da marca, articular ideias de forma criativa, para divertir, educar e pensar fora da caixinha!
Usada de forma adequada cria um roteiro prático e fácil para a construção de uma história com emoção, que tem poder, mas que deve ser verdadeira, pois a confiança é construída com honestidade e não com perfeição.
Usar destas fórmulas, seja qual for a escolha, é dar poder a história, dar poder a empresa e a marca que ela traduz, trazer o consumidor para vivenciar uma experiência ou fazer parte dela, construindo uma relação real com significado.
Claramente não é simples, requer a compreensão do verdadeiro propósito da empresa, do verdadeiro branding, mas inegavelmente histórias tem poder!
Fonte: “Narrative English for Management and Marketing “ – Prof. Roy Kesey – Universidade de Akron, July 19
Imagem de Jonny Lindner por Pixabay
https://www.youtube.com/watch?v=Stdko2NIUNI
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