Arquivo mensal: abril 2021

Fake news não é Marketing

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Em primeiro lugar vamos distinguir uma coisa da outra.

Fake news são notícias falsas, inventadas ou deturpadas da realidade. São daninhas em todos os sentidos e nada agregam.

Marketing é um conceito, uma técnica, um processo onde pessoas ou empresas o utilizam para gerar desejo ou satisfazer a necessidade do cliente por um produto ou serviço. É uma ciência, que já tem quase 100 anos e foi desenvolvida por experts, estudiosos de negócios, de empresas e de mercado, e continua em evolução.

A princípio não se comparam, mas ultimamente pessoas e empresas têm usado a divulgação de notícias falsas embaladas como marketing.

Como profissional da área e eterna aprendiz, não poderia admitir que as duas coisas se misturassem ou se comparassem, principalmente nestes tempos onde as pessoas parecem estar cada vez mais distantes da ética e do bom senso.

Vamos a um exemplo.

Recentemente Pabllo Vittar fez uma revelação exibindo um anel de brilhantes, que estaria noiva. Alguns dias depois alimentou mais ainda a curiosidade e postou uma foto romântica de mãos entrelaçadas com um suposto parceiro, onde exibia o tal anel. Pronto, o “noivado” estava criado. Só que Pabllo não está noiva e não tem planos de casar. A história sobre o casamento era uma fake news, para lançamento de um novo clipe.

Não é uma exclusividade dele, vários outros cantores, artistas e celebridades usaram este tipo de “buzz” para atrair a atenção das mídias e conseguiram!

Mas o que vem a tona, após a celebração, é que se trata de um tipo de marketing. Não, não é!

Marketing sério não produz fake news, não prejudica pessoas, não causa danos irreparáveis.

Quando se vive num mundo onde as notícias falsas só trazem malefícios, porque denominar de Marketing uma ação que vai à contramão do seu conceito? No meio de tanta notícia falsa, as pessoas acabarão por não saber mais distinguir o que é verdade e o que é mentira. Uma luta diária e incessante dos profissionais sérios de todas as áreas e por todo lugar.

Lamentável que ainda usem a palavra Marketing para ações sem nexo, sem verdades, sem estratégias corretas e coerentes ou propósitos idôneos.

Diga NÃO as fake news e diga NÃO aos picaretas travestidos de profissionais de marketing.

Nós Profissionais experientes, formados e íntegros não podemos deixar isto acontecer, depor contra a profissão, aos anos de aprendizado, as experiências profissionais, ao conhecimento adquirido, aos resultados alcançados e principalmente a conduta profissional ética e ilibada conquistada com tanto esforço.

Já basta termos que conviver com os especialistas de Google, Phd’s pela internet, vendedores de conceitos estapafúrdios e criadores de fórmulas mágicas de plantão!

Imagem de memyselfaneye por Pixabay 

Cultura do Cancelamento vai ou fica?

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Cancelar uma pessoa virou uma prática usada por muitos nas redes sociais e “cultura do cancelamento” foi eleito como o termo do ano em 2019 pelo Dicionário Macquarie, que todos os anos seleciona as palavras e expressões que mais caracterizam o comportamento do ser humano.

O termo “cultura do cancelamento” é bastante vago, visto que pode ser aplicado de formas diferentes em localidades e culturas distintas, mesmo que as redes sociais tragam uma aproximação entre as pessoas. São elas que definem o que é certo e o que é errado: eu te cancelo e eu tenho o poder de fazer isso e eu vou chamar outras pessoas para fazerem a mesma coisa.

Mas o que este “modus operandi” impacta no âmbito empresarial?

Indiscutivelmente a cada dia somos mais convencidos que os consumidores entenderam que são eles que ditam as regras. A nova geração tem ciência do poder que tem nas mãos: a maioria se sente mais capacitada do que nunca para compartilhar seus pensamentos ou opiniões sobre as empresas e usam redes sociais, hashtags e afins para darem esse feedback. Esta liberdade e facilidade de ação faz com que marcas, empresas e seus líderes estejam cada vez mais pressionados diante de um consumidor com forte poder de mobilização. Já ficou claro que vozes coletivas influenciam a opinião pública.

Os dados abaixo fazem parte da pesquisa “Cultura do Cancelamento Corporativo” (*) que mostra que o intuito do cancelamento massivo não é uma aversão gratuita. 

Confira alguns dados que motivam o cancelamento corporativo:

70% – Justiça racial

68% – Quebra de protocolos da COVID-19

61% – Imigração

57% – Mudanças climáticas / meio ambiente

57% – LGBT+

57% – Religião

54% – Política

Por outro lado, mesmo diante da pressão, a Cultura do Cancelamento não deve ser encarada como fim de linha. Existem formas e atitudes para reverter a quebra de confiança e a reputação. O que fica claro é que o discurso deve ser parte desse processo, mas que ações práticas são fundamentais.

Estratégias para “descancelamento”:

43% – Declaração pública de desculpas

41% – Esclarecimento da situação

40% – Programas e políticas internas para realizar as mudanças necessárias

33% – Demissão da pessoa responsável por fazer a declaração ofensiva

20% – Alteração de marca e / ou representação externa

17% – Doação para uma organização sem fins lucrativos relevantes

Não podemos nos esquecer, entretanto que esta ação é uma via de mão dupla. Já constatamos vários casos onde as empresas “cancelaram” seus influencers, garotos propaganda e até mesmo colaboradores por atitudes que não representavam os valores da empresa.

A cultura do cancelamento é perigosa, pois no seu extremo, dá lugar à falta de diálogo, a falta de empatia, a uma decisão individualista por vezes acerbada e nem sempre fundamentada.

Cabe às marcas e empresas serem coerentes com seus valores, reconhecerem seus erros ou manterem suas posições com firmeza. Para algumas o cancelamento pode tornar-se uma oportunidade de rever seus comportamentos e até mesmo valores, ou manterem-se firmes nos seus posicionamentos e atitudes, o que está cada vez mais difícil de ver mediante a pressão em massa. Cabe às pessoas serem mais criteriosas, buscarem informações e fontes fidedignas, ponderar e ouvir os 2 lados, para depois emitir sua opinião, desde que represente mais que a si próprio.

Assim observamos que, o que era passível de uma discussão pública acaba construindo uma “nova cultura” que pode dar muito errado. A forma mais agressiva de uma cultura vai contra uma sociedade que preza pela educação das pessoas, pela construção da empatia e de menos autoritarismo, arrisco a dizer, uma sociedade evoluída.

O equilíbrio deve ser perseguido e concretizado, para o bem de todos.

 Leia a pesquisa completa

(*)O estudo “Cultura do Cancelamento Corporativo” foi realizado entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2020 com uma amostra total de 1.004 adultos nos Estados Unidos.

https://www.macquariedictionary.com.au/

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay