Arquivo mensal: novembro 2020

Quando se vende a alma pro diabo

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Este anúncio é de uma linha de novos produtos encabeçada pelo Chef Érick Jacquin, mas é para PET, sim você não leu errado, são temperos para cães e gatos! Nos sabores creme de vegetais, champignon com azeite trufado, foie agridoce e salmão carbonara (saiba mais no site da empresa).

Ao ler o anúncio, o que me veio em primeiro lugar à mente foi: porque um chef renomado assinaria uma linha de temperos para pets? Apesar de haver analogia com produto comestível, a que ponto uma carreira sólida de Chef de cozinha, apresentador de programas de TV, garoto propaganda de várias linhas de produtos – tanto de utensílios como alimentares, proprietário e consultor de restaurantes, especializado em gastronomia para humanos, cabe numa propaganda de temperos para pets?

Num primeiro momento, achei forçado, num segundo questionei a imagem profissional e os limites que ela impõe e por último, não menos importante, nos valores. Diante dos precedentes, quando Jacquin virou garoto propaganda da Philco, Ponto Frio, Posto Ipiranga, além de inúmeros patrocinadores do Masterchef, talvez possamos esperar mais surpresas por aí!

Também não seria o primeiro caso, já tivemos propagandas polêmicas com artistas/apresentadores de TV/celebridades que venderam produtos que não consomem, como o famoso e icônico caso do Roberto Carlos (não come carne) em propaganda da Friboi; Ivete Sangalo com cerveja (não ingere bebida alcoólica); Angélica (dita vegetariana) com salsicha e outros inúmeros garotos propaganda que não venderam credibilidade, exatamente por deixarem público seus gostos pessoais. (veja exemplos nos links abaixo)

Outro caso tragicômico foi da Seara com o chef italiano Cesare Giaccone, intitulado “expert em lasanha”. Na propaganda ele provou e aprovou a lasanha congelada, no mínimo estranho para um vero italiano ( quem viu a propaganda se lembra da expressão dele de felicidade – desculpem a ironia), mas ainda mais estranho, por ser proprietário de um restaurante que não serve e nunca serviu lasanha. A justificativa da Seara até foi plausível, porém meu lema é: “quando você tem que explicar, não presta!” (igual piada). É claro que virou meme! (*)

O que leva uma empresa a contratar e ainda justificar a presença de uma pessoa numa propaganda do que não consome ou aprova? Será que os garotos propaganda acreditam que não ferirão sua imagem a partir do momento que se predispõem a ser “exemplo” para os consumidores de produtos/serviços que não usam/usariam/ consomem/ consumiriam? Ou até que ponto vale ter a imagem profissional questionada por virar garoto propaganda de qualquer coisa? Será que a fama confere blindagem? Creio que não…..

E tem mais, até quando as empresas acreditam que o consumidor vai engolir propagandas enganosas? Sim, elogiar, indicar, recomendar um produto ou serviço o qual nunca usaria/consumiria é sim faltar com a ética com o consumidor!

Acredito que a escolha por parte da empresa de um garoto propaganda, seja influencer, artista, celebridade ou pessoa comum, deve sim ter total afinidade com o produto/serviço que ela vai vender. A credibilidade é fator preponderante na publicidade, principalmente nestes tempos, onde nada, absolutamente nada escapa dos olhos dos consumidores.

No caso dos temperos assinados pelo Chef Jacquin, ainda piora, porque no publieditorial ele – chef de cozinha de humanos – explica os componentes dos molhos, indica o que os animais não podem comer e o que é mais adequado ao paladar deles, assim além de assinar os produtos para animais, a empresa Mon Petit Cheri deu a palavra a quem não é do ramo animal. (nem vou entrar no mérito desta questão neste momento, mas está virando lugar comum. Você pode conferir o conteúdo completo aí embaixo ou no site da revista).

Finalmente deixo uma pergunta para reflexão: você compraria e consumiria um tempero para humanos feito sabidamente por um nutricionista de animais?

Mesmo ciente de que as matérias primas, geralmente utilizadas, são também usadas em produtos industrializados para humanos, certamente ninguém compraria temperos, petiscos e rações animais para servir à mesa da família, mesmo que “gourmetizados“correto?

Acho que a resposta está aí! O vale tudo é um erro estratégico!

Imagens: Revista 29 horas ( http://www.29horas.com.br).

Exemplar obtido, no aeroporto de Congonhas, distribuição gratuita.

https://www.bol.uol.com.br/listas/puro-marketing-contradicoes-de-famosos-ao-fazerem-propaganda.htm

https://cornetafc.blogosfera.uol.com.br/2015/05/19/6-garotos-propaganda-que-voce-nao-acreditaria-que-pudessem-dar-certo/

https://exame.com/marketing/6-casos-de-celebridades-que-nao-usam-os-produtos-que-vendem/

(*)https://www.buzzfeed.com/novelasefamosos/ninguam-comeu-a-lasanha-feita-pelo-especialista-d-z8ey

http://www.monpetitcheri.com.br

A Era do Lifelong Learning

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A tecnologia não é a única em evolução, o aprendizado também está neste pacote.

A expressão Lifelong Learning que ganhou força nos últimos anos é um reflexo do dinamismo do mundo contemporâneo. O modelo de ensino do século 20 que predomina até hoje, definitivamente, não prepara ninguém para o trabalho e para a vida no século 21. A crença de que a escola não é o único provedor de aprendizado, já é um fato! Evoluímos ao descobrir e aprender constantemente.

Hoje não é exagero afirmar que o pensamento do Lifelong Learning apresenta um valioso diferencial competitivo. Ganha quem consegue entregar o melhor resultado, na vida pessoal, na carreira e no mercado. Ao adotar uma postura de eterno aprendiz aumentam as chances de prosperidade profissional.

Ainda segundo a Lifelong Learning Council Queensland, o conceito se baseia em quatro pilares fundamentais: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.

Quanto mais uma pessoa aprende ao longo da vida, mais ela será mais capaz de se adaptar às mudanças da Nova Economia, seja como colaborador – tornando-se mais versátil e adaptável – seja como empreendedor.

Em seu livro, “Drive” o autor Dan Pink argumenta que as pessoas precisam de três coisas para se sentir motivadas e satisfeitas com a vida: autonomia, domínio e propósito. Tornar-se um lifelong learner satisfaz todas essas três necessidades psicológicas.

Independe da escolha, ser profissional em uma empresa ou empreendedor, de fato não há mais espaço no mercado de trabalho para quem não está em constante movimento. Em prol do conhecimento, autodesenvolvimento, novos aprendizados, novas habilidades…

O aprendizado constante se tornou fundamental para o sucesso dos empreendedores na Nova Economia, e parece que os millennials já perceberam isso. De acordo com uma  pesquisa conduzida pela Manpower em 2016, 93% dos millennials estão dispostos a gastar seu próprio dinheiro em treinamento adicional durante sua trajetória profissional, seja necessário ou não.

Este é hoje o fator crítico, a meu ver, para a introdução de seniores no mercado de trabalho, justamente pelo fato de não terem somado as suas carreiras um aprendizado contínuo. Não se aplica a todos, mas de forma geral a mentalidade de uma “carreira longa” – neste caso leia-se desempenho de funções específicas e evolução hierárquica – numa mesma empresa significava sucesso profissional, deixando de lado novos aprendizados e/ou novas habilidades. Estes entre outros fatores, transformaram os 50+ num grupo acomodado e hoje, infeliz.

Claramente os tempos mudaram e a consciência da importância de se tornar um lifelong learner,  trará, invariavelmente, uma mentalidade de crescimento e uma visão ampla do mundo, independente da idade.

Com isso em mente, ler, desenvolver habilidades inclusive socioemocionais, tentar coisas novas, questionar ensinamentos, compartilhar saberes, ensinar outras pessoas entre outras atividades, são bons pontos de partida para começar a aprender para toda a vida!

Mãos a obra! Nunca é tarde para praticar e evoluir!

Imagem de Jan Kosmowski por Pixabay