Este anúncio é de uma linha de novos produtos encabeçada pelo Chef Érick Jacquin, mas é para PET, sim você não leu errado, são temperos para cães e gatos! Nos sabores creme de vegetais, champignon com azeite trufado, foie agridoce e salmão carbonara (saiba mais no site da empresa).
Ao ler o anúncio, o que me veio em primeiro lugar à mente foi: porque um chef renomado assinaria uma linha de temperos para pets? Apesar de haver analogia com produto comestível, a que ponto uma carreira sólida de Chef de cozinha, apresentador de programas de TV, garoto propaganda de várias linhas de produtos – tanto de utensílios como alimentares, proprietário e consultor de restaurantes, especializado em gastronomia para humanos, cabe numa propaganda de temperos para pets?
Num primeiro momento, achei forçado, num segundo questionei a imagem profissional e os limites que ela impõe e por último, não menos importante, nos valores. Diante dos precedentes, quando Jacquin virou garoto propaganda da Philco, Ponto Frio, Posto Ipiranga, além de inúmeros patrocinadores do Masterchef, talvez possamos esperar mais surpresas por aí!
Também não seria o primeiro caso, já tivemos propagandas polêmicas com artistas/apresentadores de TV/celebridades que venderam produtos que não consomem, como o famoso e icônico caso do Roberto Carlos (não come carne) em propaganda da Friboi; Ivete Sangalo com cerveja (não ingere bebida alcoólica); Angélica (dita vegetariana) com salsicha e outros inúmeros garotos propaganda que não venderam credibilidade, exatamente por deixarem público seus gostos pessoais. (veja exemplos nos links abaixo)
Outro caso tragicômico foi da Seara com o chef italiano Cesare Giaccone, intitulado “expert em lasanha”. Na propaganda ele provou e aprovou a lasanha congelada, no mínimo estranho para um vero italiano ( quem viu a propaganda se lembra da expressão dele de felicidade – desculpem a ironia), mas ainda mais estranho, por ser proprietário de um restaurante que não serve e nunca serviu lasanha. A justificativa da Seara até foi plausível, porém meu lema é: “quando você tem que explicar, não presta!” (igual piada). É claro que virou meme! (*)
O que leva uma empresa a contratar e ainda justificar a presença de uma pessoa numa propaganda do que não consome ou aprova? Será que os garotos propaganda acreditam que não ferirão sua imagem a partir do momento que se predispõem a ser “exemplo” para os consumidores de produtos/serviços que não usam/usariam/ consomem/ consumiriam? Ou até que ponto vale ter a imagem profissional questionada por virar garoto propaganda de qualquer coisa? Será que a fama confere blindagem? Creio que não…..
E tem mais, até quando as empresas acreditam que o consumidor vai engolir propagandas enganosas? Sim, elogiar, indicar, recomendar um produto ou serviço o qual nunca usaria/consumiria é sim faltar com a ética com o consumidor!
Acredito que a escolha por parte da empresa de um garoto propaganda, seja influencer, artista, celebridade ou pessoa comum, deve sim ter total afinidade com o produto/serviço que ela vai vender. A credibilidade é fator preponderante na publicidade, principalmente nestes tempos, onde nada, absolutamente nada escapa dos olhos dos consumidores.
No caso dos temperos assinados pelo Chef Jacquin, ainda piora, porque no publieditorial ele – chef de cozinha de humanos – explica os componentes dos molhos, indica o que os animais não podem comer e o que é mais adequado ao paladar deles, assim além de assinar os produtos para animais, a empresa Mon Petit Cheri deu a palavra a quem não é do ramo animal. (nem vou entrar no mérito desta questão neste momento, mas está virando lugar comum. Você pode conferir o conteúdo completo aí embaixo ou no site da revista).
Finalmente deixo uma pergunta para reflexão: você compraria e consumiria um tempero para humanos feito sabidamente por um nutricionista de animais?
Mesmo ciente de que as matérias primas, geralmente utilizadas, são também usadas em produtos industrializados para humanos, certamente ninguém compraria temperos, petiscos e rações animais para servir à mesa da família, mesmo que “gourmetizados“correto?
Acho que a resposta está aí! O vale tudo é um erro estratégico!
Imagens: Revista 29 horas ( http://www.29horas.com.br).
Exemplar obtido, no aeroporto de Congonhas, distribuição gratuita.
https://www.bol.uol.com.br/listas/puro-marketing-contradicoes-de-famosos-ao-fazerem-propaganda.htm
https://exame.com/marketing/6-casos-de-celebridades-que-nao-usam-os-produtos-que-vendem/
(*)https://www.buzzfeed.com/novelasefamosos/ninguam-comeu-a-lasanha-feita-pelo-especialista-d-z8ey