Arquivo mensal: abril 2017

Case United

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Na semana passada o mundo pôde ver por meio das redes sociais um passageiro de voo interno nos EUA da United Airlines sendo retirado a força sob indignação de todos. A grande maioria filmou e divulgou seus vídeos largamente e em pouco tempo a incredulidade do fato tornou-se realidade, nua e crua.

Apesar de ser passível de acontecer e dentro de uma regra de “normalidade” nos EUA, quando há overbooking, que um passageiro seja retirado do avião por meio de pagamento ou sorteio, creio que nenhum jamais imaginaria ser retirado do avião da forma como aconteceu.

Não é só espantoso o ato em si, não é só agressivo, não é só humilhante, não é só inaceitável é tudo isto e além, é a antítese da visão da importância do cliente. Quase posso concluir que a empresa acredita que é ótima, mas seria ainda melhor se não existissem clientes! (estou sendo irônica, mas é quase isto).

Para completar o quadro desastroso, o presidente da empresa em um primeiro momento elogiou seus colaboradores apoiando-os como se o passageiro fosse um transtorno, um ensandecido a bordo arriscando a vida dos demais. Ao mesmo tempo se retratou e pediu desculpas publicamente, que não aconteceria de novo, que o erro foi da empresa e blá blá blá….depois é claro da repercussão nefasta do acontecido. Esta atitude ambígua, para piorar ainda mais, resultou em aumento de descredibilidade.

Parece que a novela acabaria por aí, no entanto a gravidade das atitudes da companhia não foi e não está sendo perdoada pelos consumidores, pelos clientes e stakeholders. Além deles há uma fatia que acredita em preconceito racial por ser o passageiro de origem asiática, celebridades e apresentadores de TV não pouparam apoio à vítima e críticas ferrenhas ao presidente da empresa, somando um contingente de peso.

Muitas empresas ainda não sabem ou ignoram que a experiência do cliente está diretamente relacionada ao faturamento da empresa.  As ações da United caíram 1,3% o que parece pouco, mas significa um prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão. Pior ainda é a imagem, que ficou pra lá de arranhada. Mais uma vez o cliente foi subestimado!

Apesar de fazerem constantes pesquisas de satisfação, não é de hoje que a United não está bem na fita. Em 2016 ela foi classificada como a pior companhia aérea americana. Você pode imaginar agora?

Uma coisa é inegável, atrelar os bônus do CEO a satisfação dos clientes é uma condição que deve será cada vez mais explorada e ampliada, afinal eles devem ser remunerados por resultados e ninguém melhor que o cliente para fazê-lo.

Se a missão da United é conectar pessoas unindo o mundo, certamente conseguiu, só que contra ela!

Na contramão do discurso está o cliente, que não é devidamente considerado nas ações estratégicas da empresa. A perda financeira, a imagem deteriorada, os processos jurídicos, a viralização de críticas negativas, colaboradores insatisfeitos, falta de credibilidade, somados são uma fórmula perfeita para uma bomba prestar a explodir.

Apesar deste embaraço todo o presidente Muñoz não pediu demissão e sinceramente não sei o quanto ele vai durar no cargo.

Vamos aguardar os próximos capítulos deste filme de terror….

 

Image courtesy of khunaspix at FreeDigitalPhotos.net

Leia também:

http://www.kptv.com/story/35110028/man-is-forcefully-dragged-off-overbooked-united-flight

http://exame.abril.com.br/negocios/isso-nunca-acontecera-novamente-diz-united-airlines/

http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/nao-me-demito-polemica-de-milhoes-da-united-airlines-continua-145923

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/04/passageiro-tirado-forca-de-aviao-faz-acoes-da-united-airlines-cairem.html

http://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2017/04/reclamacao-de-menina-de-cinco-anos-fez-gap-mudar-empresa-inteira.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=post

http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,united-perde-us-250-milhoes-apos-passageiro-ser-arrastado-para-fora-de-aviao,70001735535?utm_campaign=e-mail_universidadetracksale_compre02por01&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

http://oglobo.globo.com/economia/united-condiciona-bonus-de-ceo-satisfacao-dos-clientes-21213227

http://thehill.com/policy/transportation/aviation/328341-gop-rep-to-ceo-united-should-be-ashamed

Santo Uber #sqn

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A Uber fundada em 2009 e como aplicativo em 2010 mexeu com o mercado de transporte de pessoas no mundo. Primeiro nos EUA depois para outros países. Sua proposta recebeu altos investimentos pulando de U$ 50 milhões para U$50 bilhões o seu valor de mercado em pouco mais de 5 anos.

Com tecnologia pioneira – o e-hailing – um novo conceito na forma de se contatar um táxi, a Uber propiciou uma série de vantagens aos clientes: agilidade no contato, facilidade no pagamento, rapidez e custos menores.

Tudo pra crescer rapidamente e expandir horizontes. Foi o que aconteceu… mas não está sendo nada fácil para a empresa gerir o negócio. Passados os momentos do inusitado, da competitividade, da agressividade, típicos de um novo negócio a realidade chega. E aí se dá início ao bom e velho “momento da verdade”! (Conceito de Momento de Verdade, de Karl Albrecht)

O último caso foi um vídeo viralizado feito por um motorista da Uber onde conversa com o próprio presidente Travis Kalanik em viagem, em março último. O motorista o critica por decisões tomadas na gestão da empresa. O bate boca foi caloroso.

De uma coisa temos certeza, a força do cliente é ENORME. Neste caso o motorista também é um cliente, no mínimo é parceiro e como tal deveria ser tratado. Nunca foi tão verdadeira a afirmação que um insatisfeito é multiplicado por mil!

É um caso típico de desleixo….não dar bola para o que o cliente fala só é prejudicial para a empresa e só a ela cabe pagar a conta. O presidente teve que se retratar pedindo desculpas publicamente. Este não é o primeiro caso que vemos com o mesmo mote. Em pleno século XXI as empresas ainda não entenderam que dependem dos clientes, internos e externos.

Considerando como ponto positivo que o presidente usa os serviços da própria empresa e que lhe proporcionou contato com as reivindicações do motorista, conta como negativo não ouvi-lo (aqui aquele conceito que não se restringe ao físico), ou ter ponderado ou refletido sobre a opinião dele. Feio né? Além disso, não contou com a gravação e se colocou de forma arrogante e intransigente, mais uma vez errou!

É indiscutível que estes aplicativos, chacoalharam merecidamente os lamentáveis serviços de transportes em carros que as pessoas tinham e têm acesso nas principais metrópoles do mundo.

Mas é igualmente indiscutível que é necessário estar próximo do negócio, dos seus colaboradores, dos clientes, dos problemas, dos erros e acertos e agir de forma rápida, certeira, correta. Isto é pensar na prestação do serviço, olhando para dentro e para fora.

Muitas empresas correm o risco de desaparecer……e por muito menos!

 

Reflita: “Um profissional de vendas bem-sucedido cuida primeiro do cliente, depois dos produtos.” Philip Kotler

 Image courtesy of renjith krishnan at FreeDigitalPhotos.net

Leia também:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1872907-planalto-sinaliza-veto-a-medidas-anti-uber-se-senado-nao-derruba-las.shtml

http://idgnow.com.br/mobilidade/2017/02/28/video-ceo-do-uber-discute-com-motorista-sobre-precos-do-aplicativo/

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1872907-planalto-sinaliza-veto-a-medidas-anti-uber-se-senado-nao-derruba-las.shtml

http://www.whosdrivingyou.org/rideshare-incidents

https://www.theguardian.com/technology/2017/feb/21/uber-sexual-harassment-discrimination-scandal

http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-momento-da-verdade-do-cliente/87737/