Arquivo mensal: outubro 2020

A infodemia e seus efeitos colaterais

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Não só de pandemia vive 2020, o ano foi também da infodemia.

Quem depara com este termo, logo pensa: e ainda tem mais? Infelizmente sim. Este termo, classificado pela OMS, deriva da superabundância de informações que dificultam as pessoas a encontrarem orientação e fontes confiáveis quando precisam. A pandemia agravou, e muito, o número de informações digitais desencontradas e falsas no âmbito da doença/saúde pública, fazendo com que tomassem proporções astronômicas, daí o uso da terminologia.

Vejam alguns dados (*):

Somos incessantemente bombardeados com informações, do momento que acordamos até a hora que vamos dormir, e isto não é de hoje. O resultado: confundimos a relevância das informações e prejudicamos a nossa capacidade de tomar decisões.

E que efeitos sofrem as empresas?

Para as empresas esse cenário inédito, também tem levado à falta de credibilidade e prejudicado a tomada de decisão por parte do consumidor.

A pandemia trouxe a tona a vulnerabilidade da sociedade, não apenas das pessoas, mas também de negócios, empresas e marcas. Naturalmente, em meio a uma crise com consequências financeiras para grande parte da população, surgem novas formas de consumir, novos produtos para testar e assim, novos hábitos surgem e, certamente, muitos serão levados para o pós-pandemia. Estes novos hábitos devem ser observados pelas empresas, por todas sem exceção.

Como já mencionei em artigo anterior (https://comunicaeblog.wordpress.com/2020/07/24/sera-mesmo-um-novo-normal/)  uma marca empática, que demonstre em suas ações que entende o momento difícil do consumidor, pode gerar um longo e duradouro relacionamento.

Optar por fontes idôneas, expor a marca em canais confiáveis, manter a positividade e humanizar a comunicação são caminhos seguros.

Não posso deixar de reforçar a importância de conhecer o cliente, adotar tecnologias para aprimorar este relacionamento trás a possibilidade da marca ser protagonista na vida das pessoas. Certamente será muito trabalhoso, mas haverá recompensas!

A infodemia certamente não será suprimida de forma eficiente e rápida, suas consequências para a saúde emocional das pessoas ainda não foram totalmente descobertas, mas é viável que empresas mantenham um posicionamento coerente, tomem atitudes empáticas e contribuam para a comunidade como um todo.

O retorno para as empresas pode não ser só em números, mas também no fortalecimento da relação verdadeira com as pessoas, trazendo confiança e estima pela marca, que perdurará mesmo após a pandemia.

Imagem: Canva by Poranga Miranda

(*)Fontes: https://jc.ne10.uol.com.br/brasil/2020/06/5612170-o-que-e-infodemia-e-como-voce-pode-sobreviver-a-ela.html

https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52054/Factsheet-Infodemic_por.pdf?sequence=14/

Marcas transformadoras ou “lacradoras”?

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De olho nas ações das marcas em tempos de pandemia, desde março, a HSR Specialist Researchers realiza o ranking das Marcas Transformadoras. O objetivo central é mapear as empresas mais capazes de entregar relevância para o consumidor e mensurar a força desse ativo no longo prazo. 

A análise é orientada por três índices: 

  • Visibilidade;
  • Relevância de marca; 
  • Power of Voice  (potencial de comunicação da marca considerando o número de seguidores nas redes sociais).

Com essas informações são realizados cálculos para cada categoria de dados. Quanto maior a pontuação, mais as marcas estão associadas à postura transformadora. 

Para concluir a medição do potencial da marca, são avaliados outros seis atributos essenciais neste novo momento:

  • Oferecer ações voltadas à sociedade;
  • Investir na segurança de seus consumidores;
  • Investir na segurança de seus funcionários; 
  • Oferecer soluções aos seus consumidores em momentos de crise;
  • Inovar em momentos de crise;
  • Ser justa e ética.

Dessa forma, a metodologia busca identificar quais marcas estão extraindo o melhor deste momento. No último ranking divulgado em 10 de junho, temos: 

1Magazine Luiza241
2Netflix233
3iFood171
4Natura163
5Ambev151
6O Boticário147
7Nestlé144
8Lojas Americanas134
9Mercado Livre126
10Samsung124
fonte HSR – pontuação máxima 300

A diretora da HSR pontua que algumas empresas foram felizes neste momento, enquanto outras perderam a oportunidade de comunicar. “Para a construção do indicador levamos em conta aquelas marcas que apareceram de forma espontânea, como é o caso do Magazine Luiza, Netflix, Ambev e iFood. Essas são empresas que se valeram deste momento, expuseram suas ações na mídia e ganharam em termos de imagem com isso”, reforça.

Segundo Valéria Rodrigues, a ideia é que esse indicador seja permanente, porque é uma forma das empresas acompanharem as tendências de longo prazo. “Muitas mudanças que estão acontecendo agora podem permanecer como novos hábitos para os consumidores e essa questão de olharmos para as marcas e entender que elas têm um papel transformador na sociedade vai continuar muito forte depois da pandemia”, pontua.

A pandemia trouxe além da evolução tecnológica, a reflexão sobre os menos favorecidos, a avaliação da experiência com o cliente, o marketing online x offline, as teorias infinitas de “novo normal”, ações sociais, incentivos a micro e pequenos empreendedores, inovação, sustentabilidade, ativação de canais de comunicação,  novas formas de consumir/ novo consumidor e uma infinidade de mudanças no dia a dia e nos meses que rolaram até aqui.

Algumas mudanças são irreversíveis, como o e-commerce, a experiência customizada com o cliente, a empatia, novas formas de consumo  e a transparência, entre outras.

Creio que muitas empresas que não aparecem no ranking, pois sua força de mídia não é tão expressiva, no entanto não são menos elogiáveis por isso. Vimos inúmeros pequenos negócios doando refeições, alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza, se esforçando para atender o cliente e ir além, sem mirar a publicidade.

O que me chama a atenção é a quantidade de ações chamadas “lacradoras”, onde a intenção pode ser boa, no entanto as justificativas de preço, processos ou destinos não é claro ou é duvidoso. Assim ficam muito mais associadas à ideia do oportunismo, de usufruir de uma situação sensível para vender seus produtos ou serviços.

Quando uma empresa procura mostrar que se preocupa e quer ajudar, em momentos como este, deve ter em mente que muitas já fazem isto e há muito tempo, por propósito, foco no cliente ou pura dedicação ao ser humano.

É bom pensar muito bem antes de “lacrar” por aí!

Imagem: Gerd Altmann por Pixabay 

Fontes:

https://www.operand.com.br/

https://www.meioemensagem.com.br/

https://economia.uol.com.br/colunas/2020/04/03/publicidade-na-pandemia-nao-e-hora-de-parar-e-hora-de-mudar.htm