Em 2014 escrevi um artigo sobre este tema e retomo o assunto que tenho acompanhado muito de perto nestes últimos tempos, seja porque me tornei uma empreendedora seja porque o país engorda sua massa de empreendedores todos os dias.
Se considerarmos a parte burocrática que há anos tentam minimizar neste país, a abertura de micro e pequenas empresas de certa forma evoluiu, a pequenos passos diria e temos ainda a questão tributária muito desigual e que inviabiliza muitos negócios.
A informalidade é uma tônica neste mercado, onde muitas micro empresas continuam sendo “fundo de quintal”, sem CNPJ, sem padrões e processos definidos, sem carteira assinada e por aí vai.
Por outro lado, cresce assustadoramente seja porque não temos empregos formais disponíveis seja porque é uma saída para uma fonte de renda, no mínimo necessária.
Partir para um negócio não significa arriscar tudo e todo o patrimônio numa ideia, sem planejamento, sem pesquisas, sem definições. Não se acorda depois de uma noite de sono e se decide montar um negócio, como se fosse mágica. Mas o que estamos vendo, e de certa forma sempre foi assim só que agora em escala geométrica, é um negócio nascendo a cada minuto. Tenho acompanhado muitos grupos de empreendedores nas redes sociais e participado de muitos encontros de empreendedorismo, pois sou também uma profissional que hoje está neste grupo. Espanta-me a primariedade das pessoas no mais básico das ações. Desde ser informal ( sem CNPJ, sem NF, sem controles, etc), cometer atos ilícitos ( não gerar documento fiscal, burlar tributos, entre outros), não saber o que vender ou vender algo sem saber quem é o público alvo e por aí vai, é muita falta de preparo para empreender.
Não estou tirando o mérito de quem começa pequeno, cresce e se transforma em grande empresa ou que se fortalece e se torna marca reconhecida, como vários exemplos que temos aqui no país. Também não desmereço o pequeno empreendedor que está limitado ao seu bairro, por exemplo, e atende a sua comunidade de forma certeira, vive deste negócio assim como ele nasceu, muito bem obrigado.
Na verdade creio que ser empreendedor não é fácil, mas certamente toda pessoa que quer empreender deve ter uma lista de quesitos mínimos para checar.
- O que gostaria de fazer: para que, pra quem e por quê?
- Estudou e pesquisou o mercado/nicho que quer entrar?
- Definiu os 4 P’s: produto, preço, praça e promoção?
- Quer um negócio para tentar ganhar dinheiro, enquanto espera um emprego formal ou para ser seu futuro profissional?
- Está preparado para ser dono de um negócio, ou seja, sem horário fixo, sem férias, sem 13º, sem benefícios?
- Está preparado financeiramente até atingir o ponto de equilíbrio do negócio?
- Está preparado para o fracasso?
Estas são algumas perguntas que se deve fazer, uma reflexão particular e não perguntando para a família, parentes ou vizinhos.
Empreender no dicionário significa “tentar, realizar, tarefa difícil e trabalhosa”. Empreender no conceito empresarial é também agregar valor, saber identificar oportunidades e transformá-las em um negócio lucrativo, mas o resultado pode ser sucesso ou fracasso é preciso PLANEJAR.
Assim, tudo pode dar certo, mas deve haver uma dedicação no estudo do assunto o qual se quer investir tempo e dinheiro. Depende de quanto se dedica a planejar cada passo. Depende de como vai encarar a decisão e opção de trabalho. Depende de como vai administrar o negócio. São muitas variáveis e todas, sem distinção devem ser claramente listadas, estudadas, estressadas até que se tenha certeza absoluta que este é o caminho certo.
Descobri nestes grupos e eventos que participo que o caminho explanado pelos empreendedores não é mais “vai e encara; mete bronca; arrisca” o caminho é “pensa; reflita; pesquise; entenda o local e público que quer conquistar”, e isto vai do grande empresário nacional ao cara das quebradas com seu negócio local. Duas coisas pensam em comum: “vai atrás dos sonhos; não desista; vai ouvir muito você é louco, isto não vai dar certo!” e “ para que as chances aumentem, estudar é o único caminho”. Concordo com as duas.
Como consultora, meu objetivo é que todo negócio dê certo, que todo negócio traga satisfação e realização, mas não compactuo com o ilícito, delírios e falta de planejamento.
Como consultora, meu objetivo maior é orientar meus clientes, apresentar as variáveis, fazer comparações com outros negócios similares ou concorrentes para reflexão, propor formas e ferramentas para alcançar os objetivos e conquistar clientes. É um trabalho que reflete minha opção pessoal, quando olho para um cliente estou olhando para mim mesma, nos meus sonhos como profissional e obviamente quando desejo o sucesso deles estou desejando o meu sucesso. Não há maior satisfação.
Gostaria muito que todos os empreendedores ou aqueles que querem empreender sigam os caminhos de quem teve sucesso como exemplo e principalmente usem os erros como inegociáveis “do que não fazer”.
Termino este artigo com uma das frases do artigo anterior, para mim de extrema relevância: “Não há nada mais inútil que fazer eficientemente o que não deveria ser feito” – Peter Drucker