Arquivo mensal: agosto 2019

Weird

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weedmanO recente curso que fiz nos EUA trará muito assunto para este Blog, mas o primeiro o qual quero me dedicar hoje é sobre a publicidade americana. Já não é a primeira vez que reparo como nos EUA a propaganda ainda usa, e muito, as “velhas” mídias para se comunicar. No curso durante a participação de uma agência de publicidade, uma recente campanha utilizou folder e poster, peças que hoje praticamente estão em extinção por aqui, mas que lá falam com entusiasmo!

Claro que nada tem a ver com o atraso no assunto, tem a ver com a cultura e como ela se comporta em diferentes lugares do mundo. Apesar de conhecidas propagandas, premiadas, incríveis e tudo o mais, muito diferente do Brasil, na sua grande maioria são peças simples, nem sempre bonitas ou elaboradas e que se preocupam em deixar muito claro o serviço/produto apresentado, preço e como comprar.

Veja o exemplo da foto aplicada neste artigo. Uma propaganda real, mas apresentada de forma ridícula. Esta aí outra coisa que eles gostam, usar destes “exageros” para vender. Há uma gama de super heróis pra tudo lá! O Weed Man ou o Homem Erva Daninha, promete cuidar do seu gramado melhor do que ninguém.

Outro exemplo está em uma loja de produtos para idosos ou com necessidades especiais, a peças retratam jovens adultos, conforme você pode ver nas imagens anexadas a este artigo, um público totalmente diferente daquele que necessita delas. No mínimo estranho ( e aí sou obrigada a concordar que por aqui também existem estas bizarrices…).

Outra coisa muito comum são propagandas de escritório de advocacia/advogado espalhados em outdoors e outros serviços que você não consegue identificar sobre o que se trata. Na TV as propagandas são sempre realçando oferta e preço. Quem já não viu em filmes, propagandas de lojas de carros usados? É muito comum e sempre o vendedor é “um personagem” de difícil descrição. E não, não são de humor, representam pessoas reais.

“As agências, tanto aqui quanto no Brasil… e possivelmente no mundo todo, tendem a refletir costumes progressistas e muitas vezes (uma vez que os governos no mundo todo têm falhado nesse quesito) as marcas acabam se tornando um barômetro social para o consumidor. Dentro deste contexto a cultura americana no geral é bastante refletida na propaganda. Hábitos específicos como Tailgating antes de jogos de futebol, o frenesi das crianças abrindo presentes na manhã de natal, a celebração em família no Thanksgiving, Halloween, etc… estão sempre presentes na comunicação. Mas isso tudo é um reflexo da cultura americana em si, e toda a população poderá se identificar com propagandas que refletem esses costumes.” – afirma Nathalia Resende*.

Enquanto nossa propaganda tenta conquistar o cliente pela emoção, os americanos, em geral, vão direto ao ponto. Propagandas focadas, em preço, produto e serviço é o que interessa. Senão tiver que sair de casa então, melhor ainda. É um país onde as pessoas pensam na sua comodidade, em ter menos trabalho, em escolher o que melhor atende naquele momento e com o menor custo possível. Por isso a venda direta é tão expressiva e o uso da web e das mídias sociais é intensa. Não há fidelidade por marca, como aqui.

Por outro lado, “o consumo consciente é definitivamente top of mind quando pensamos em comportamento hoje em dia. O consumidor de hoje se importa com os valores das marcas que ele consume/apoia, o que coloca mais expectativa de posicionamento social e político nas marcas com as quais trabalhamos. As pessoas se importam se as marcas estão fazendo bem ou mal ao meio ambiente, se politicamente elas estão alinhadas com os seus valores, se existe exploração de trabalho, etc. Um exemplo disso nos EUA são as críticas recentes as marcas que produzem linhas de produtos para o mês de junho e tentam capitalizar na cultura queer americana. Muitas destas marcas não repassam os lucros para causas ligadas ao movimento LGBTQA, e isso tem gerado uma crítica imensa por parte dos consumidores. Muitos artigos foram escritos esse ano apontando as marcas que realmente apoiam a causa durante o ano todo, sendo politicamente em forma de doações para políticos pró-legislações de proteção à comunidade LGBTQA, ou em seus métodos de contratação, ou doações, etc. Resumindo, as marcas do futuro não irão possuir o luxo de ficar em cima do muro em questões relevantes ao seu consumidor. É hora de ter posicionamento e impactar o seu target além do produto que você oferece” – diz Nathalia, e aí concordo que os países estão falando a mesma língua.

Apesar de estratégias e mídias diferentes, parece que tudo vai bem por lá. Muita tecnologia sendo desenvolvida e ferramentas que levarão empresas a outro patamar, mas isto é assunto para outro artigo. Enquanto isto, vamos nos divertindo com as propagandas weird americanas.

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*Em 2018, a brasileira Nathalia, que trabalha nos EUA, foi reconhecida na lista Adweek’s Creative 100 e citada pela publicação entre as “criativas femininas poderosas que são representações desafiadoras na tela e nas salas de reuniões”.

Imagem: acervo próprio
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https://taccone.com.br/propaganda-no-brasil-x-eua/
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http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/3b9a07c88630dd7924af7c41d87b4367.pdf