Arquivo mensal: agosto 2021

Embaixadores de marca, Conselheiros…vale tudo!

Padrão

Já é uma estratégia de marketing antiga ter uma pessoa famosa cedendo sua imagem para campanhas de grandes marcas. Inclusive, a lógica de associar importantes nomes do cinema, teatro, TV e influenciadores continuam fazendo parte dos negócios, mas somamos a essa equação as “novas” personalidades da internet.

Antes, garotas-propagandas protagonizavam comerciais de TV e publicidades nas revistas e outdoors. Hoje, uma generosa fatia do orçamento publicitário que era destinada exclusivamente à mídia off-line está nas mídias online.

Com o passar do tempo o comportamento dos consumidores mudou, gerando uma revolução no relacionamento das marcas com seus públicos-alvo. A internet trouxe vantagens e desafios para serem enfrentados.

A estratégia que vem conquistando muitas empresas é a contratação dos chamados embaixadores de marcas. Uma iniciativa que vai muito além de um #publi, eles emprestam sua reputação, valores e ações para um contrato prolongado, que busca estabelecer uma relação mais próxima entre marca e público.

O conceito é: não é só divulgar, é representar!

Uma das mais disputadas de 2021 é Juliette Freire, vencedora da edição deste ano do Big Brother Brasil. A advogada e maquiadora se tornou embaixadora de marcas em diversos segmentos, como Avon, Americanas, Globoplay, L’Occitane, Havaianas e C&A.

Quando uma marca decide investir em um embaixador é fundamental – pelo menos na teoria – que o escolhido tenha valores compatíveis com os da marca, proporcionando ainda mais empatia, confiança e identificação entre o público-alvo, mas é claro que não é só isto, pessoas com mais de 30 milhões de seguidores interessam é muito qualquer empresa!

Nesta mistureba de definições entre embaixador, promotor, garoto propaganda, influencer, publicidade paga, etc, precisamos ressaltar que um fator importante é que não se deve comprar qualquer ação com a simples ideia de “paz e amor” – empresas têm acima de tudo interesses comerciais. Quanto de market share elas vão conquistar com estes embaixadores que supostamente trarão clientes e consequentemente lucro? Quanto o mundo dos negócios vive de aparências? Tenho certeza que qualquer board, stakeholder ou acionista não aceitará menos que os lucros já existentes e a sua manutenção, no mínimo. O motivo é atrair consumidores, ponto.

Temos muitos casos de embaixadores de marca, de Padre Fabio de Melo a Anita e recentemente o caso que mais chamou a atenção, a da AMBEV com a Monja Coen, o qual vou me ater neste momento.

Designada Embaixadora para Moderação, a Monja Coen – budista e precursora da vida leve, da meditação, do “menos é mais”, aceitou a empreitada. Não questiono aqui a questão financeira (não quero entrar neste mérito, pois há muito por ser analisado), mas sim a união de antagônicos.

Atrelada agora a uma empresa fabricante de bebidas alcoólicas na sua grande maioria, a parceria não parece ter cola. Mesmo que a Ambev “defenda o beba com moderação” para tudo há um limite e parece que para este caso prevaleceu a incoerência. Como supostamente uma pessoa que não bebe (embaixador da marca é alguém que se identifica a um nível pessoal com a marca, que goste e defenda os produtos que ela produz) pode falar de moderação? Este e muitos outros questionamentos não saem da boca dos profissionais de marketing e dos próprios consumidores. Não há como não pensar na possível perda de imagem para ambos os lados.

Importante lembrar que a coerência entre embaixadores e marcas tem a ver também com o público de ambas as partes e inevitavelmente aos padrões de consumo, aos produtos/serviços, as responsabilidades empresariais, culturais e sociais e aos preceitos morais e éticos que defendem.

Vale refletir se as estratégias estão corretas, se elas se mantêm ou são só fumaça, modinha ou hit do momento, tal qual outras que venho colocando aqui no Blog para reflexão.

Não me espantaria que em pouco tempo uma das partes deste caso dê para trás e venha com uma desculpinha ainda menos colante, ficando a sensação de que era tudo para inglês ver!

Leia

O que é embaixador de marca? Tudo sobre o assunto e como escolher um para a sua empresa

Imagem de Glauco Gianoglio por Pixabay 

O que os Jogos Olímpicos nos ensinaram?

Padrão

Vou primeiro destacar o que acredito, junto com a educação o esporte é igualmente importante para a formação do cidadão e do desenvolvimento intelectual, físico e humano.

Meu pai, como idealizador e executor dos Parques Infantis da Prefeitura de São Paulo e também autor de livros sobre o tema, sempre acreditou que a atividade física fosse um elemento importantíssimo na formação das crianças, e sabemos que o é, e hoje passados mais 80 anos, vários estudos científicos comprovam isto.

Também no seu discurso do então lançamento da pedra fundamental do Estádio Municipal do Pacaembu – afirmou “…. a cultura física tem objetivos que são fins próximos, a educação física tem finalidades ,que são fins intermediais ou remotos. A saúde rica, a compleição robusta, a posse da destreza são meros subprodutos da educação física. O fruto bom, a essência pura, é a formação do espírito da disciplina em oposição às tendências anarquizantes ….. a lealdade em oposição a felonia, a tolerância contra tirania, a generosidade cedendo lugar ao individualismo dissolvente …. a perseverança substituindo o derrotismo, tudo visando o espírito de uma suprema cooperação, no ritmo impecável, na harmonia constante das ações individuais em proveito exclusivo da coletividade…” – Nicanor Teixeira de Miranda – Revista do Arquivo Municipal da Cidade de São Paulo, 1936 (*)

Como não considerar que o esporte, mesmo que amador, não vá muito além do exercício físico?

Aí vem as Olimpíadas….

O evento deveria ter ocorrido em 2020 e adiado para 2021 trouxe consigo, na bagagem, o medo de um vírus ainda pouco conhecido. Assim com muitas restrições, o evento foi “solitário”, com pouquíssimo público expectador, sem torcidas coloridas e barulhentas, com pouca emoção para participantes e audiência. Faltou cor, energia e vibração, intimamente ligados a presença dos visitantes que preenchem as arquibancadas durante as competições.

Tivemos questões emocionais e de cunho de saúde emocional emergidas do obscurantismo midiático, apesar de não ser novidade nunca foi exposto da maneira como se viu nesta edição. As discussões adentraram o tema rasgando opiniões e sentimentos, do público aos companheiros de equipe, passando por posicionamentos de treinadores, atletas concorrentes e julgamentos de atletas do próprio país de origem da desistente. Um tema que se fez presente de forma forte, dolorosa e reflexiva ao mesmo tempo, mas sem uma conclusão unânime.

Tivemos a questão da definição de gênero, os não binários, passando pelos trans e pelos homossexuais. Expor publicamente e ao mundo a sua escolha de gênero é a certeza de que estamos vivendo um mundo mais amigável, mais compreensivo, onde as escolhas devem ser respeitadas. Isto não tira o problema do preconceito, mas faz com que os pares se sintam mais fortalecidos para enfrentar seus próprios dilemas e a sociedade. Eles não estão mais sós!

Tivemos as mais diversas características pessoais e culturais, desmistificando corpos atléticos e neutros, sem personalidade. Dos cabelos as tatuagens, de cantos e gritos de guerra ao atleta tricotando na arquibancada….. que mundo maravilhoso é este da diversidade e autenticidade!

E não podia faltar superação, esta que nos faz chorar lágrimas de alegria e satisfação. Não só os brasileiros mostraram como é importante se superar, mas principalmente ter garra e gana para vencer, a famosa faca nos dentes, mesmo que com doçura. Fenômenos como Rayssa, Rebeca, Isaquias, Darlan, entre outros, são personagens para o Brasil se orgulhar e para cobrar dos órgãos competentes do porquê o investimento no esporte ser tão fraco e injusto. Precisamos melhorar muito e copiar o que deu certo fora daqui.

Por último, mas tão importante quanto o verdadeiro “espírito olímpico” se fez presente, sem o qual a essência do esporte competitivo não teria a mínima graça. Quando o italiano Tamberi e o quatari Barshim dividiram a medalha de ouro, foi sem dúvida um dos momentos mais emocionantes desta edição, foi uma história a parte. Torcer pelo seu adversário ou dividir uma medalha são comportamentos da maior exposição do quanto se alcançou o nível mais alto e evolutivo do ser humano.

Tudo isto e muito mais em apenas 5 anos! Quantas lições tiramos destes poucos dias de jogos, deste momento de pandemia onde o mundo virou de ponta cabeça!

Como diria o Barão de Coubertin: “ O que importa na vida não é o triunfo, mas o combate; o essencial não é ter vencido, mas lutado com bravura”

imagem Google

Leia:

(*) https://drive.google.com/file/d/1qBdCaNJVLprzvKbz5caSme8oiik-nTAI/view

https://exame.com/casual/quem-e-o-atleta-britanico-que-esta-tricotando-na-olimpiada/

https://conexaoplaneta.com.br/blog/atletas-empatam-em-competicao-dividem-premio-e-comovem-com-historia-de-amizade-que-simboliza-o-espirito-olimpico/