Você sabe o que é?
Eu não sabia até esta semana, ao ler a notícia que uma obra de Picasso foi literalmente incendiada para que virasse NFT. O NFT (Non-Fungible Tokens) é uma tecnologia de tokens não fungíveis. Se usarmos o significado de token como símbolo e aplicarmos o conceito de fungibilidade (um atributo de bens adquiridos que podem ser substituídos por outros similares), podemos entender o NFT como um bem diferenciado, contendo dados que os tornam únicos.
Uma informação diferente gravada em cada ativo NFT o torna um produto diferente dos outros e é por isso que eles não podem ser substituídos. Eles não podem ser trocados por iguais, porque não há dois iguais. Basicamente, é como vemos uma obra de arte.
Sendo assim, um registro NFT transforma basicamente qualquer coisa do universo digital em um ativo único, exclusivo e com autenticidade segura por uma rede blockchain, como criptomoedas.
Sem querer entrar no detalhamento sobre NFT, a reflexão é o por quê?
Porque alguém acredita que incendiar uma obra de arte e vendê-la em forma de NFT vai significar alguma coisa para a humanidade e eternizá-la?
Não só obras de arte vivem no hit do NFT – álbuns musicais, artes digitais, peças de coleção como discos de vinil, gibis e até tweets “descobriram” neste filão uma forma de ganhar dinheiro “fácil” e para mim, totalmente no sense.
Não defendo que apenas o real, palpável e físico tenha valor, artes digitais, quadrinhos, música, fotografia, literatura, entre outras formas de cultura podem sim ter suas versões apenas no digital e por lá serem valorizadas, o que não defendo é a destruição de “arte” em prol de um delírio e suposto comportamento disruptivo, para mim disfarçado de ganância e/ou ignorância e/ou dar cara de público sem o ser, baseado na teoria que a existência passa a ser exclusivamente no universo digital, considerada eterna – será?
“Quando você compra um NFT, o que você ganha? Qualquer um pode salvar uma cópia e você ainda é o dono. Ironicamente, foi o que aconteceu quando uma obra de arte foi vendida como NFT por 70 milhões de dólares. Todos os portais usaram a imagem da obra para dar a notícia. Na maioria das vezes, você só ganha o direito de dizer “isso pertence a mim”, o “direito de se gabar” – afirmou Alex De Vries, fundador do site Digiconomist.
Para mim, não faz nenhum sentido, o ter não é o objetivo, é o vivenciar a experiência que torna a arte bela, os 5 sentidos sendo usados na sua plenitude, ao vivo e a cores então….são inesquecíveis.
Imagine se a moda pega?
No, f*ck that! – leia-se o meu NFT.
Imagem NFT “The Burned Picasso”, edição 2 (Imagem: Reprodução/ Unique One Art Marketplace)
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