A expressão “novo normal” vem sendo exaustivamente usada, nos últimos meses, quando se percebeu que o coronavírus havia impactado de forma incontestável o mundo. A origem do termo não é recente e aparentemente vem de períodos pós-guerra, quando uma readequação da sociedade se faz necessária.
A verdade é que existem tendências sociais para este momento e dentre elas, a indiscutível democratização do digital e a consequente hiper conectividade.
Sabemos que categorias demográficas que, antes, por limitação econômica ou temporal, resistiam à virtualização de seu cotidiano, foram evidentemente convertidas. Da descoberta que a tecnologia facilita seus contatos afetivos a compras, encurtando distâncias e tempo, a tecnologia mudou hábitos e comportamentos, de todos, principalmente dos mais velhos.
Outro aspecto é a valorização do “local”. Quanto mais vizinho e mais conhecido melhor e pelo risco de contaminação, quanto menos deslocamento para as poucas coisas inevitáveis à sobrevivência, muito que bem. E, de quebra, ajudamos o comércio próximo e os micro e pequenos empreendedores a passarem por uma das maiores crises econômicas do país, ajudando-os a não fecharem suas portas (consumo consciente).
São muitas tendências projetadas ao “novo normal”, da ressignificação da casa ao trabalho home office, são muitas as mudanças que não ficaram na teoria, viraram prática. O que antes estava esquecido ou colocado em segundo plano, de repente precisou de novo olhar e se num primeiro momento foi obrigatório, no segundo mudou naturalmente, transformando algumas experiências e aprendizados em prazeres e hábitos, que vieram pra ficar.
Da mesma forma pensando no mercado e nos negócios, como estas mudanças vão impactar as empresas e os consumidores?
Se este atual consumidor já consome de maneira diferenciada produtos, serviços, notícias e conteúdos; está mais criterioso, cuidadoso, digital, coerente, questionador, econômico, voltado para a família e menos tolerante a cold calls e ao “consumir por consumir”, um estudo recente da McKinsey & Company listou as 10 mudanças de comportamento mais evidentes:
- O digital será onipresente
- O consumo será repensado
- A fidelidade e a infidelidade caminharão juntas
- O consumo será mais seguro
- Qualidade de vida é o que interessa
- Valorização do caseiro
- E mais confortável também
- Sustentabilidade será critério determinante
- Propósito importa, sim
- Metrópoles estão menos valorizadas
Ainda segundo a McKinsey, “empresas resilientes” se sustentam em três 3Rs, simultaneamente, para não ceder à crise:
- Responder: quando elas garantem medidas apropriadas de resposta à crise e à continuidade da operação.
- Retornar: quando elas gerenciam o período de crise e endereçam oportunidades para uma retomada mais saudável e rentável.
- Reimaginar: como será o “novo normal”. – aqui acrescento por minha conta e risco, o Readaptar – quando elas mudam conforme os hábitos, necessidades e exigências dos consumidores e clientes.
Por último e não menos importante marcas e negócios precisam ter clareza de suas promessas e propostas de valor. Quem aspira seduzir e reter o “novo consumidor” – esta sim uma denominação adequada – terá de prestar contas de suas atitudes e valores. Se o que já era praticado e largamente falado no marketing como necessário para que as empresas se aproximassem dos seus consumidores e fidelizassem seus clientes, agora se tornou uma exigência e o olhar do consumidor muito mais atento.
Na minha percepção, além do que já estava acontecendo, as mudanças indicam uma aceleração do previsto, que já vinha sendo observado por estudos e pesquisas de mercado, ou seja, nada de tão novo assim, de forma geral, melhor dizer “validado”. Arrisco a defender que o “novo normal” não existe, o que existe é a descoberta que o poder da adaptabilidade é muito mais consistente, eficiente e eficaz neste momento; e que sim, há um novo consumidor surgindo desta nova temporada, ou seja, a velha e conhecida teoria de Darwin também vale para os negócios.
Concordam?
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Imagem de Gerd Altmann por Pixabay